Convenhamos, ... o animal que se posiciona para VER deve ter um modo de olhar diferente do que se posiciona para SER VISTO!
V E R x S E R V I S T O
Coloque - se diante dos seus dois potros e experimente vê - los, mantendo os olhos numa única posição, fixos. É possível desta forma enxergar ambos de modo adequado ? Óbviamente que não ! Para vê - los bem, primeiro terá que VER um e depois outro : ver um elemento do ambiente por vez. Repare no porteira da fazenda. O que é vê - la ? É primeiro ver um lado e depois outro, ou seja, é seccioná - la em partes ( de cima, de baixo, lados direito, esquerdo ) e explorar visualmente cada. Olhe para o rosto da sua filha e tente VÊ - LO realmente. Terá que parti - lo, por exemplo, em duas metades... e olhar uma por vez, em seguida `cortar ´ cada qual em outras e assim por diante. Isto é VER.
E com o OUVIR se dá o mesmo. Caso se aprofunde na essência - na fenomenologia - do OLHAR / ESCUTAR e o faça procurando o aspecto mais simples e fácil, concluirá que o ato de OUVIR também é ` partidor ´ : ouve - se melhor um elemento por vez. Esta modalidade de visão / audição, ` PARTIDORA ´, é a IDEAL. Ela é praticada pelos animais de LIBIDO VO, por AVES, GATOS e CAVALOS.
Observe o bigode na cozinha : ao perceber uma mosca voando, ele parte, como que esquadrinha o espaço em setores e pára os olhos e ouvidos diante de um por um. As paradas se sucedem e em cada qual ele vê e ouve, até que num dos quadrados pega a mosca ! AVES, felinos e equinos praticam o mesmo tipo de visão/audição elementar : por etapas, descontínua. Apesar de não terem a mesma acuidade visual e auditiva, o mecanismo `partidor´ é comum aos três. Olhos e ouvidos se atraem sucessivamente para as partes de um todo : param aqui, depois ali,... em seguida acolá e ao fazê - lo seccionam, `cortam´ o ambiente, destacando a parte vista, das demais. É a visão tipo - AVE, a que se desloca parando. Já a dos RÉPTEIS, caninos e bovinos é diferente. Não se atrai para as partes, mas pelo próprio todo e por isso tem dificuldade em `partir´ um cenário, esquadrinhá - lo. Observe o cachorro perseguindo a mesma mosca : seus olhos e ouvidos preferem se deslocar de modo contínuo - sem parar ou parando o mínimo - e assim não seccionam audiovisualmente o espaço ou o fazem de modo ineficiente, o que dificulta apanhar insetos voando ! É a visão tipo - RÉPTIL, a que prefere se deslocar sem parar.
Repare no bentevi no fio da rede elétrica !
Os olhos param aqui, depois ali, em seguida acolá. E o mesmo se dá com a sua égua. Chame - a ! Ela tenderá a deslocar a face, com os olhos e ouvidos junto, gradualmente, por partes,... e não de `uma vez´, como os bois fazem.
O do gato sendo ` partidor ´ diminui o espaço em que a mosca ao voar se enquadra e quando por algum motivo ela concentra o vôo numa determinada área, a visão felina incrementa a ` partição ´ ( parte, reparte...), o que torna a captura praticamente inevitável. O cachorro, por seu lado, prefere deslocar os olhos sem parar. De início até que ele tenta ! Com a intenção de identificar o objeto voador, pára o olhar num ponto, depois noutro, porém logo, logo desiste. A impaciência do seu instinto atrapalha e irritado, abandona a visão e se entrega ao olfato. Daí sim, se a mosca ainda estiver por perto, há chance de apanhá - la !
Independentemente das diferenças anátomo - fisiológicas em seus órgãos visuais, gatos e CAVALOS vêem do mesmo modo `partidor´, sequencial e diferenciador. É esta linguagem visual, em particular, que os permite dividirem pequenos espaços com os humanos, sem fazerem estragos ! Observe o gato se aboletando na cristaleira da sala de visitas,... o cavalo sendo lavado nos pequenos estábulos das periferias !
Repare no seu CAVALO se deslocando : ele fixa os olhos num trecho, examina - o, depois os direciona para outro trecho, novo exame,... e assim vai, aos poucos. O olhar sendo para ` uma parte do ambiente por vez ´, o espaço em que se desloca se revela a ele gradualmente, nunca no seu todo... o que leva o equino a facilmente perceber contrastes. Se algo lhe chama a atenção é naturalmente destacado do restante. Captando o ambiente por partes, a sensação visual equina é a de que o cenário por que passa - conforme citado na home - está `` em formação ´´, movimento,... como que ` nascendo ´, sendo criado à sua frente,... o que nos faz concluir : o CAVALO é fascinado com o que vê !
Os bovinos, ao contrário, enxergando o ambiente como algo que não se move, já `` formado ´´, pois o captam por inteiro ( a visão é para o ` todo ´, tipo `` leitura dinâmica´´ ) e não por partes, têm a sensação visual inversa : o percebem como uma paisagem fixa, imutável, sem novidades,... o que explica o olhar de indiferença deles diante dos contrastes de um cenário.
Imagine novamente o CAVALO se deslocando...
Enquanto as partes que constituem o ambiente chegam à sua visão em tempos diferentes, separadas ( ` uma por vez ´ ), elas chegam à visão de um BOVINO que percorre o mesmo caminho, em tempos iguais, juntas ( ` todas de uma vez ´ ).
Ao contrário do olhar EQUINO, analítico, que diferencia, separa, contrasta os elementos do ambiente,... o BOVINO os iguala, reúne, integra, em outras palavras, ` simplifica ´ o ato de ver. A visão é sintética. As partes do cenário sendo percebidas a um só tempo, a visão do BOVINO - na ausência de estímulos específicos - dá o mesmo ` tratamento sensorial ´ a todas, considerando nenhuma mais importante que as outras !
Pelo esquema sensorial sugerido pelo conhecimento Antigo há dois `` modos de olhar/escutar ´´ : o que se atrai para a PARTE ( tipo - AVE, como o dos gatos e CAVALOS ), característico dos animais de LIBIDO para VER / OUVIR,... e o que se atrai para o TODO ( tipo - RÉPTIL, como o dos cachorros e bois ), característico dos que têm a LIBIDO para SEREM VISTOS / OUVIDOS.
O quadro acima define o MODO DE OLHAR / ESCUTAR primário (elementar/básico) dos EQUINOS, de maneira não ambígua... e abre espaço para se compreender o OLFATO...
Vide os dois mamíferos da coluna da direita. Tendo olhos e ouvidos atraídos para o TODO, e portanto, livres do compromisso de detectar partes, detalhes,... visão e audição passam a ter um papel secundário e o ímpeto sensorial se transfere para o OLFATO. O nariz é acionado e se torna o órgão mandante, o que aliás, é uma característica REPTILIANA. Repare no faro da serpente, de um lagarto !
Os mamíferos da esquerda, por seu lado, entre os quais o nosso CAVALO, também cheiram, mas não por prazer, apenas o suficiente para `` se protegerem ´´, afinal a libido audiovisual deles é direcionada ao ` VER / OUVIR ´, que pede distanciamento do elemento observado para vê-lo e ouvi-lo em sua verdade,... o que o impede de curtir os odores em sua plenitude e totalidade ! Quê CAVALOS têm sensibilidade olfativa aguçada, não se discute, mas o prazer - ah, o prazer em cheirar -... este está com os animais do lado de lá !
O corpo de ímpeto OLFATIVO, como os de CANINOS e BOVINOS - os que cheiram por prazer - tende inevitavelmente a se aproximar ` mais que o necessário ´ da fonte do cheiro ( o que o faz SER VISTO e OUVIDO ! )
Os corpos de ímpeto AUDIOVISUAL, por sua vez, também cheiram, mas conforme já citado, não por prazer,... tanto que ao detectarem algo através do olfato, eles se aproximam ` apenas o necessário ´,... para em seguida se afastarem da fonte do cheiro !
Repare em EQUINOS e FELINOS cheirando... Quanto cuidado !
Vale repisar : o fato de um animal ter determinado sentido aguçado não significa que tenha prazer em usá – lo. Lembre - se dos CÃES : eles têm boa audição, mas nem por isso gostam de ouvir. Preferem ser ouvidos !
O conhecimento Ancestral enfatiza que no plano sensorial há uma briga entre OLFATO e VISÃO/AUDIÇÃO. Não há lugar para os dois ÍMPETOS num mesmo corpo. Ou um, ou outro !
Ou o corpo tem prazer instintivo em VER / OUVIR... ou em CHEIRAR, quando então a libido se estende ao SER VISTO e OUVIDO !
Vamos de início recorrer novamente a cães e gatos, nossos GUIAS na compreensão do CAVALO.
Quando um GATO está no colo, parece que não está ! Ele toca no corpo do outro de modo suave, um pouquinho aqui, outro tanto ali, mais outro acolá. E ao se aproximar do dono, age da mesma forma : no primeiro contato encosta numa partezinha da perna, no segundo em outra, depois em mais outra,... de onde o tatear FELINO evolui por partes. A este tipo de toque, leve, cuidadoso, `pêlo com pêlo´, designaremos mais apropriadamente de TATO `PARTIDOR´.
Um CACHORRO, ao contrário, quando está no colo parece que está ! CANINOS gostam de tocar e serem tocados por inteiro, com as suas patas - ou as mãos do outro - deslizando e pressionando o corpo todo. É um tocar tocando mesmo, `pele com pele´, assumido, pleno. Para o corpo CANINO, este tipo de toque - além do necessário - é muito mais divertido ! Em oposição ao dos GATOS, o chamaremos de TATO `TOTALIZADOR´.
Evidente que o seu CAVALO gosta de um agrado, do vai e vem das suas mãos no pescoço,... da escova deslizando pelas laterais do corpo, mas observe, ele prefere o deslizar descontínuo, tipo ``põe e tira´´, ` PARTIDO ´, isto é, que intervaliza, cria pausas,... e não o deslizar contínuo, `` TOTALIZADO ´´, como os bois apreciam. E as pressões que satisfazem a ambos também são diferentes. Enquanto BOVINOS, conforme já citado, gostam do toque pressionado, tipo ` pele com pele ´, invasor, que cava,... EQUINOS se satisfazem mais com o toque ` pelo com pelo ´, leve, sutil, que respeita a pele.
Se o toque TOTALIZADOR faz o BOVINO lembrar que é de carne e osso, o PARTIDOR faz os EQUINOS esquecerem que têm corpo !
O modo como um corpo gosta de tocar corresponde ao modo como gosta de ser tocado,... de onde, se o BOI aprecia `` invadir o corpo do outro ´´, igualmente aprecia que invadam o seu !
Enquanto para a sensorialidade tátil de um CAVALO `o pelo é o limite do corpo ´, para a de um BOI é a pele. Portanto, ao posicionar a vaca para a ordenha, deixe o peso da sua mão descansar no couro bovino. E ao selar a égua adote conduta oposta : evite que o peso de suas mãos atinja a pele da sua amiga !
Repare na JOVITA * ! Se a refeição demora, ela chora. É um choro seccionado,... intervalizado. Apesar do escândalo fonatório ela não se entrega ao som de maneira radical, isto é, contínua, ` total ´,... mas o faz ` por partes ´.
Diferentemente de um boi, de uma vaca, que sonorizam no limite de suas possibilidades vocais,... nos EQUINOS e aparentados, independentemente das diferenças em seus aparelhos fonatórios e em suas vocalizações - quer sejam relinchos ou zurros -, a entrega sonora é `particulada´, cuidadosa,... parece o som de um fole, um tanto para dentro, outro para fora !
* a jumenta da `Estação Experimental Sítio Santo Antonio´, local onde os autores convivem com os animais que participam deste trabalho.
Os conteúdos precedentes apontam para uma sincronia sensorial, à medida que os caracteres `PARTIDOR´ e `TOTALIZADOR´ direcionam não só a VISÃO e AUDIÇÃO dos mamíferos observados, como também o TATO e a FONAÇÃO. FELINOS e EQUINOS não só vêem e ouvem ` por partes ´ como tateiam e sonorizam igualmente ` por partes ´. Já CANINOS e BOVINOS vêem, ouvem, tateiam e sonorizam `totalizadoramente´.
A utilidade da sincronia sensorial é visível. Exemplo : o animal que tateia ` por partes ´, igualmente vê ` por partes ´,... de outra forma não veria o que tateia !
Desde que no EQUINO o caractere de PARTIÇÃO atua tanto em seus órgãos sensoriais específicos, como no modo como desloca os membros (na sensorialidade motora),... se justifica considerar o CAVALO um animal de instinto PARTIDOR. Este termo traduz da maneira mais sintética e objetiva possível, o que acontece em toda a sensorialidade modal EQUINA.
O INSTINTO ``PARTIDOR´´
parte o que vê, o que ouve,... o som, o toque, o passo
Aproveitando o mencionado sobre a sensorialidade motora, uma pequena constatação sobre COICES...
O de um BOI você sente na hora, o de uma ÉGUA depois ! A razão é óbvia : enquanto os membros da perna bovina ( coxa, perna e pata ), movidos pela coordenação - motora totalizada, atingem o objetivo `todos ao mesmo tempo´, ... no coice EQUINO, a coordenação - motora partida, eles não chegam juntos, mas ` um de cada vez ´. Por isso a dor demora !
Da fonação descontínua de um relincho ao tato `pelo c/ pelo´,... da visão e audição segmentadoras, ao coice `da dor depois´, o esquema baseado na `` Árvore da Vida ´´ e, portanto, num evento do conhecimento Ancestral, nos permitiu compreender algumas características elementares do corpo físico EQUINO.
E diante da constatação de que os aspectos observados têm origem no caráter de `partição´, ou seja, na capacidade que o CAVALO tem de segmentar o que vê, ouve, sonoriza, tateia, ... os pesquisadores Antigos propuseram a questão : ``mas de onde vem este caráter PARTIDOR?´´ E eles mesmo responderam: de um caractere mais sutil ainda, o pensamento da JUSTIÇA!
relincho descontínuo / tato pelo c/ pelo / visão seccionadora
/ audição idem /o coice da dor depois ...
o caractere ` PARTIDOR ´
A JUSTIÇA
Internauta leitor,... desde que o agente da JUSTIÇA é o JUIZ, qual a primeira providência dessa figura simbólica ?
Ora, é... `PARTIR´... o julgado em duas possibilidades :